Poços de Caldas é também conhecida como “Cidade das Águas”. De início, a alcunha surgiu por conta das águas termais que brotam do seu subterrâneo e são dotadas de propriedades medicinais. Foram elas as responsáveis pelo momento inicial de expansão e consolidação da identidade turística da cidade, na primeira metade do século XX – época da construção das Thermas Antonio Carlos. Mas não é só isso: mais próximos à superfície, os rios que cortam Poços de Caldas também são responsáveis pela formação de pontos turísticos naturais, a exemplo da Cascata das Antas.
Geração de eletricidade e turismo de uma só vez!
Geograficamente falando, a cidade se encontra no chamado Planalto de Poços de Caldas. Ao centro desse planalto, a rede hidrográfica é composta por canais ramificados e de águas mais lentas. Porém, as bordas possuem relevo mais acidentado, o que leva à ocorrência de saltos, cachoeiras e cataratas, como a notória Cascata das Antas.
A Cascata das Antas é parte do Rio das Antas, que adentra o município a partir de Andradas, cidade ao sul de Poços de Caldas. Esse mesmo rio é barrado na Represa do Bortolan, antes de formar também o Véu das Noivas – por sinal, outros dois atrativos turísticos que não podem ser deixados de lado por quem vêm até a cidade. Seguindo seu curso, o Rio das Antas se encontra com o Ribeirão de Poços para, um pouco adiante, possibilitar a Cascata das Antas.
Não se trata apenas de turismo, sabia? O local é motivo de orgulho para os poços-caldenses por representar o pioneirismo da cidade no que se refere à geração de energia. Ali foi inaugurada, em 1º de setembro de 1898, a primeira usina hidrelétrica do município, recurso que era constatado somente em centros urbanos bem maiores. Na época, a usina original (hoje em ruínas, como veremos a seguir) era capaz de acender modestas 150 lâmpadas nas ruas e iluminar as pouco mais de 300 casas que então formavam a cidade.
Para momentos de tranquilidade e admiração
A chegada à Cascata das Antas é marcada por uma estrada de paralelepípedos morro abaixo, cercada por um envolvente corredor verde formado pelas árvores da Mata Atlântica. De cara, já é possível notar o silêncio, a temperatura mais amena e a qualidade do ar puro. As placas já anunciam que, eventualmente, animais silvestres circulam pelo trecho, o que justifica um pouco mais de cautela aos motoristas.
A estrada termina em um amplo estacionamento, junto aos prédios das modernas usinas elétricas atuais – que, no caso, não podem ser visitados. Logo na entrada do parque, uma maquete ajuda a compreender melhor a geografia do local. Em miniatura, é possível ver o curso percorrido pela água montanha abaixo e como o desnível do relevo foi aproveitado de forma a movimentar as turbinas das estações de geração de energia Antas I e Antas II, ambas partes de um mesmo complexo.
Antes de presenciar ás quedas d’água da Cascata das Antas propriamente ditas, o visitante passa por um agradável bosque. Para quem se interessa por botânica, as árvores são identificadas por placas com seu nome e informações. Chance de contemplar exemplares do palimito-juçara, presente desde o sul da Bahia até o norte do Rio Grande do Sul, ou do coqueiro-jerivá, encontrado também nas regiões centro-oeste e sul do Brasil. Para se ter uma ideia, na área ao redor já foram catalogadas 194 espécies de plantas, entre árvores, arbustos e ervas – sem falar em 137 espécies de aves e 13 espécies de mamíferos, incluindo as antas, hoje não mais presentes por ali.
Para quem gosta de admirar a natureza
Ao contemplar a Cascata das Antas propriamente falando, o visitante passa a ter dimensão do seu tamanho e volume de água – para quem fizer o passeio durante os meses de outono e inverno, o fluxo é bem menor, por conta da estiagem. A recomendação (nem sempre seguida por alguns) é de evitar caminhar pelas pedras, pois há o risco de que a vazão do rio aumente de forma muito rápida, levando a acidentes, sobretudo durante a época das chuvas. Nadar, então, é estritamente proibido, assim como caçar e pescar.
A antiga trilha que leva às ruínas da primeira usina hoje em dia está sinalizada e conta com degraus de cimento e um corrimão, facilitando bastante o acesso para crianças, idosos e quem não está acostumado com passeios do tipo. Para muitos, o que sobrou das sólidas paredes construídas por pesadas pedras é o que mais chama a atenção no local. É possível ver a força da natureza, representada pelas raízes e troncos que retomaram para si o espaço que um dia já esteve sob domínio do homem.
Como chegar à Cascata das Antas
Quem visita a Cascata das Antas precisa deixar o perímetro urbano de Poços de Caldas. Seguindo pela Avenida João Pinheiro até o seu final, é necessário contornar o shopping local, pegando a estrada que leva também até as cidades de Palmeiral e Botelhos. Em menos de cinco minutos, se chega até a via de acesso. O ponto turístico fica aberto das 8h às 17h30 de segunda a sexta-feira, e das 8h às 18h nos sábados, domingos e feriados. A entrada é gratuita.